quinta-feira, abril 14, 2005

Coletividade Nômade - Máquina de Guerra - Família Agnática

Não se faz uma Coletividade Nômade impunemente. Talvez nosso principal objetivo enquanto grupo, no momento, seja descobrir o que isso significa, o que isso pode...

Nomos quer dizer ordem, lei. Por que caminhos tortos aquilo que significava o não sedentário, o disperso, o distribuído, chegou a significar o que foi capturado pela religião e pelo Estado? Estaremos realmente prontos para subtrairmos nossa existência das máquinas de captura, para nos redispersarmos, para reencontrarmos as estepes? Perguntamo-nos o que é a filosofia. Mas estamos realmente prontos para subtrairmos nosso pensamento ao modelo teológico e de Estado? Estamos realmente prontos para construir uma máquina de guerra?

D&G, axioma II do Tratado de Nomadologia: “A máquina de guerra é a invenção dos nômades (por ser exterior ao aparelho de Estado e distinta da instituição). A esse título, a máquina de guerra nômade tem três aspectos: um aspecto espacial-geográfico, um aspecto aritmético ou algébrico, um aspecto afectivo.

Dizemo-nos um “coletivo”, talvez uma “família” (de beduínos, certamente). Um certo “espírito de corpo”. Como já nos definimos como um “Coletivo CsO”, sabemos que...

Um corpo não se reduz a um organismo, assim como o espírito de corpo tampouco se reduz à alma de um organismo. O espírito não é melhor, mas ele é volátil, enquanto a alma é gravífica, centro de gravidade. Seria preciso invocar uma origem militar do corpo e do espírito de corpo? Não é o ‘militar’ que conta, mas antes uma origem nômade longínqua. Ibn Khaldoun definia a máquina de guerra nômade por: as famílias ou linhagens, mais o espírito de corpo. A máquina de guerra entretém com as famílias uma relação muito diferente daquela do estado. Nela, em vez de ser célula de base, a família é um vetor de bando, de modo que uma genealogia passa de uma família a outra, segundo a capacidade de tal família, em tal momento, em realizar o máximo de ‘solidariedade agnática’. A celebridade pública da família não determina o lugar que ocupa num organismo de Estado; ao contrário, é a potência ou virtude secreta de solidariedade, e a movência correspondente das genealogias, que determinam a celebridade num corpo de guerra. Há aí algo que não se reduz nem ao monopólio de um poder orgânico nem a uma representação local, mas que remete à potência de um corpo turbilhonar num espaço nômade.

Genial a idéia de visitarmos a exposição sobre o corpo na arte... Quando falamos em corpos, coletivos, nômades e máquinas de guerra, “o que queremos dizer, na verdade, é que os corpos coletivos sempre têm franjas ou minorias que reconstituem equivalentes de máquinas de guerra, sob formas por vezes muito inesperadas, em agenciamentos determinados tais como construir pontes, construir catedrais, ou então emitir juízos, ou compor música, instaurar uma ciência, uma técnica...

Isso tudo não é um texto para discussão. É uma advertência. De qualquer forma, não há mais volta. Já começamos a constituir uma “família agnática”. Já somos um pouco parentes...

1 Comments:

Blogger Roberto Iza Valdés said...

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3:17 PM  

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