A espontaneidade da natura naturans e a sociedade
Coletivizo nomadicamente minhas notas de estudos.
Nas últimas semanas tenho "encenado" um certo diálogo entre o Guattari (sobre heterogênese, produção de subjetividade, processos de singularização) e o Negri (sobre o singular, o comum e a multidão).
Na mesma "cena", não exatamente dialogando, mas numa anárquica récita paralela, ecoam as inquietantes profecias caóticas de Hakim Bey.
Em primeiro lugar, o interesse pelas tecnologias metanóicas. O eterno interesse pelos meios, como primeiro passo para se considerar a possibilidade de sua coletivização.
Sim, porque é urgente se "democratizar o xamanismo"!
Se o anarquismo merece algum apreço e consideramos a possibilidade de, tal qual sábios "imperadores", não atrapalhar a espontaneidade da natura naturans, não atrapalhar o Tao, se adotamos, afinal, o Caos e sua "organização orgânica espontânea", então, É PRECISO DEMOCRATIZAR OS MEIOS DE SE DIRIGIR A LUZ DAS ESTRELAS...
Concordo com Hakim Bey: só é concebível anarquismo & xamanismo, conjugadamente.
Não tenho notícia de avanços mais significativos na "democratização do xamanismo" do que aquele propiciado pelas práticas espirituais afro-brasileiras. Não são as únicas, nem as primeiras. (Mesmerismo, hipnose, diversas práticas de psicoterapia corporal, diversas técnicas do transe e do êxtase...) Mas são especialmente nossas, belas e virtuosas.
Em segundo lugar, essa estranha substância do vínculo social: o amor.
Encontro no Caos esta estranha aproximação entre Eros e o comum, a comunicação e a comunidade. Erotismo polimorfo, certamente, mas não por isso purificado de suas formas carnais, donde a "estranheza" das formulações de HB. De novo, nem o único, nem o primeiro (Freud, Simmel, Bataille). Mas contemporâneo e contundente.
Umas das mais vertiginosas linhas de fuga abertas pelo Caos de HB é esse seu "sincretismo muito mais profundo entre anarquia & tantra", entre comunitarismo e erotismo, sobre cujas intensidades ainda não meditei o bastante, ainda não parei de procurar compreender...
Hakim Bey brada essas passagens "eróticas" (sua doutrina do "materialismo espiritual") especialmente quando Negri nos fala do "comum". E mesmo naquela "incomum" noite no Teatro Oficina, Negri também tentou falar no "amor" e, se me lembro bem, moralizou um pouco as coisas, "separando" a idéia de amor romântico ou erótico, por um lado, e o amor piedoso "cristão", por outro, reservando, assim, um terceiro sentido para esse "amor" que dá substância ao vínculo social... Foi isso, não? Veremos! Está tudo gravado...
Por enquanto, meu pensamento vai embora montado na vassoura dessas idéias relacionando a natura naturans e o socius, a espontaneidade e a socialidade...
Em geral, volto dessas viagens de vassoura com alguma pergunta de criança entre os dentes, do tipo: qual, afinal, a relação entre a espontaneidade e vivermos todos juntos?
Nas últimas semanas tenho "encenado" um certo diálogo entre o Guattari (sobre heterogênese, produção de subjetividade, processos de singularização) e o Negri (sobre o singular, o comum e a multidão).
Na mesma "cena", não exatamente dialogando, mas numa anárquica récita paralela, ecoam as inquietantes profecias caóticas de Hakim Bey.
Em primeiro lugar, o interesse pelas tecnologias metanóicas. O eterno interesse pelos meios, como primeiro passo para se considerar a possibilidade de sua coletivização.
Sim, porque é urgente se "democratizar o xamanismo"!
Se o anarquismo merece algum apreço e consideramos a possibilidade de, tal qual sábios "imperadores", não atrapalhar a espontaneidade da natura naturans, não atrapalhar o Tao, se adotamos, afinal, o Caos e sua "organização orgânica espontânea", então, É PRECISO DEMOCRATIZAR OS MEIOS DE SE DIRIGIR A LUZ DAS ESTRELAS...
Concordo com Hakim Bey: só é concebível anarquismo & xamanismo, conjugadamente.
Não tenho notícia de avanços mais significativos na "democratização do xamanismo" do que aquele propiciado pelas práticas espirituais afro-brasileiras. Não são as únicas, nem as primeiras. (Mesmerismo, hipnose, diversas práticas de psicoterapia corporal, diversas técnicas do transe e do êxtase...) Mas são especialmente nossas, belas e virtuosas.
Em segundo lugar, essa estranha substância do vínculo social: o amor.
Encontro no Caos esta estranha aproximação entre Eros e o comum, a comunicação e a comunidade. Erotismo polimorfo, certamente, mas não por isso purificado de suas formas carnais, donde a "estranheza" das formulações de HB. De novo, nem o único, nem o primeiro (Freud, Simmel, Bataille). Mas contemporâneo e contundente.
Umas das mais vertiginosas linhas de fuga abertas pelo Caos de HB é esse seu "sincretismo muito mais profundo entre anarquia & tantra", entre comunitarismo e erotismo, sobre cujas intensidades ainda não meditei o bastante, ainda não parei de procurar compreender...
Hakim Bey brada essas passagens "eróticas" (sua doutrina do "materialismo espiritual") especialmente quando Negri nos fala do "comum". E mesmo naquela "incomum" noite no Teatro Oficina, Negri também tentou falar no "amor" e, se me lembro bem, moralizou um pouco as coisas, "separando" a idéia de amor romântico ou erótico, por um lado, e o amor piedoso "cristão", por outro, reservando, assim, um terceiro sentido para esse "amor" que dá substância ao vínculo social... Foi isso, não? Veremos! Está tudo gravado...
Por enquanto, meu pensamento vai embora montado na vassoura dessas idéias relacionando a natura naturans e o socius, a espontaneidade e a socialidade...
Em geral, volto dessas viagens de vassoura com alguma pergunta de criança entre os dentes, do tipo: qual, afinal, a relação entre a espontaneidade e vivermos todos juntos?
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