quarta-feira, abril 19, 2006

O homem que queria ficar de pé

Uma das características do nosso mundo é que ele está sentado.
O mímico corporal se coloca de pé.
Ele passa seu tempo representando tudo o que trabalha com o corpo, como se dissesse: “Vocês estão vendo, nós ainda podemos nos mover, podemos fazer outra coisa além de ficarmos sentados”. Podemos nos movimentar, nos levantar, fazer esforços, e quando o corpo se desloca, é uma espécie de lição.
Se dedicar à mímica é ser um militante, um militante de alguma coisa, um militante do movimento num mundo que está sentado.
É como se quiséssemos mudar o mundo convidando-o a se levantar, a se deslocar.
Alguns me dirão: “Mas você não conseguirá, não é possível! Você não mudará o mundo !”
Eis então porque vou terminar dizendo: Não é necessário esperar para empreender, nem vencer para perseverar.

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A preguiça é a doença do mundo inteiro, segundo a minha filosofia.
É por preguiça que deixamos chegar o fascismo.
É por preguiça que deixamos chegar a guerra.
É por preguiça que deixamos chegar o desemprego.
É por preguiça política que todas as catástrofes acontecem.
É por preguiça que perdemos o amor de nossos filhos (que poderíamos talvez reconquistar).
É por preguiça que paramos o nosso aperfeiçoamento pessoal.
Por todo lado encontramos a preguiça, a preguiça, a preguiça...
O Hitlerismo aqui, o Stalinismo lá, o fascismo lá...
Como é triste.... Não é possível ! É assustador !

Etienne Décroux
Criador da mímica corporal dramática.
Mais que filosofia do corpo, fez filosofia com o corpo.